Em sua primeira entrevista escrita desde a publicação do novo decreto do Papa
Francisco restringindo a Missa Tradicional Latina, o Bispo Athanasius Schneider
disse que o documento “avilta” uma liturgia milenar do Rito Romano, comete uma
“injustiça” contra os Católicos que aderem a ela, e cria uma “sociedade de duas
classes” na Igreja.

“Os privilegiados de primeira classe são aqueles que aderem à liturgia reformada”,
afirma Dom Schneider, “e os católicos de segunda classe, que agora mal serão
tolerados, incluem um grande número de famílias Católicas, crianças, jovens e
sacerdotes” que, através da liturgia tradicional, “experimentaram, com grande
benefício espiritual, a realidade e o mistério da Igreja.”

O bispo também afirma que “a atitude fechada e o tom depreciativo” exibidos de
forma surpreendente no motu proprio e na carta de acompanhamento estão em
“gritante contraste” não apenas para o princípios norteadores do atual pontificado,
mas também na cara da reivindicação “conciliar” de “abertura à diversidade” e
rejeição de “uniformidade” litúrgica.

Nesta entrevista exclusiva, o Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana, no
Cazaquistão, discute suas principais preocupações sobre o documento, oferece
conselhos a seminaristas e jovens sacerdotes que temem poder ser proibidos de
celebrar a Missa tradicional, e aborda a afirmação do Papa Francisco de que seu curso
de ação escolhido é análogo ao tomado pelo Papa São Pio V.

Ele também defende os católicos que participam da Missa tradicional contra o que ele
vê como acusações injustas do documento de que eles semeiam divisão e negam o
Vaticano II. Uma “porção considerável” de jovens famílias católicas e outras pessoas
que frequentam a Missa tradicional “se mantém longe” das discussões sobre o
Vaticano II e política eclesial, o bispo sustenta. “Eles só querem adorar a Deus na
forma litúrgica pela qual Deus tocou e transformou seus corações e suas vidas.”
Dom Schneider também elogia seus irmãos no episcopado que têm apoiado os fiéis
em resposta às novas medidas, e diz que está convencido de que o novo decreto
acabará tendo um “efeito bumerangue.” O “crescimento contínuo” da Missa
tradicional em todo o mundo, diz ele, é “sem dúvida a obra do Espírito Santo, e um
verdadeiro sinal do nosso tempo.”

Ele, portanto, encoraja o Papa Francisco e os responsáveis por implementar as novas
medidas para atender ao “sábio conselho” de Gamaliel para aqueles que perseguiam
os primeiros Cristãos (Atos 5, 38-39), para que não se vejam “lutando contra Deus”.
Aqui está nossa entrevista completa com o Bispo Athanasius Schneider.

Dom Athanasius Schneider (+AS): Minha impressão inicial foi de um pastor que em
vez de sentir o cheiro de suas ovelhas, está raivosamente espancando-as com um
bastão.

DM: Quais são suas impressões gerais sobre o Motu Proprio e a Carta de
acompanhamento do Papa Francisco aos bispos do mundo, na qual ele explica
sua justificativa para restringir a Missa Tradicional Latina?

+AS: Em sua Exortação Apostólica programática, Evangelii Gaudium, o Papa

Francisco advoga por “certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio [do

Evangelho]: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que
não julga” (n. 165). Porém, ao ler o novo Motu Proprio e a Carta de
acompanhamento, tem-se a impressão oposta, ou seja, que o documento, como um
todo, exibe uma intolerância pastoral e até mesmo uma rigidez espiritual. O Motu
Proprio e a Carta que o acompanha comunicam um espírito de julgamento e de nãoacolhimento. No documento sobre Fraternidade Humana (assinado em Abu Dhabi em
4 de fevereiro de 2019), o Papa Francisco abraça o “diversidade de religiões”,
enquanto em seu novo Motu Proprio ele rejeita resolutamente a diversidade das
formas litúrgicas do Rito Romano.

“Que contraste flagrante de atitude
esse Motu Proprio apresenta, em
comparação com o princípio
orientador do pontificado do Papa
Francisco, i. e., inclusividade e um amor
preferencial pelas minorias e por aqueles
nas periferias da vida da Igreja.

Que contraste flagrante de atitude este Motu Proprio apresenta, em comparação com
o princípio orientador do pontificado do Papa Francisco, i. e., inclusividade e um
amor preferencial pelas minorias e aqueles na periferias da vida da Igreja. E que
atitude surpreendentemente fechada se descobre no Motu Proprio, em contraste com
as próprias palavras do Papa Francisco: “sabemos que nos vem, de vários lados, a
tentação de viver nesta lógica do privilégio que, ao separar, nos separa; ao excluir,
nos exclui; ao confinar os sonhos e a vida de muitos dos nossos irmãos, nos confina”
(Homilia nas Vésperas, 31 de dezembro de 2016). As novas normas do Motu Proprio

aviltam a forma milenar da lex orandi da Igreja Romana e, ao mesmo tempo,
“confinam os sonhos e as vidas de muitas” famílias Católicas, e especialmente de
pessoas jovens e jovens sacerdotes, cuja vida espiritual e amor à Cristo e à Igreja
cresceram e se beneficiaram muito com a forma tradicional da Santa Missa.

O Motu Proprio estabelece um princípio de uma rara exclusividade litúrgica, ao
afirmar que os novos livros litúrgicos promulgados são a expressão “unica” da lex
orandi do Rito Romano (Art. 1). Que contraste é, também, essa posição com essas
palavras do Papa Francisco: “É verdade! O Espírito Santo suscita os diversos
carismas na Igreja; à primeira vista, isto parece criar desordem, mas na realidade, sob
a sua guia, constitui uma imensa riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de
unidade, que não significa uniformidade” (Homilia do Papa Francisco na Catedral
Católica do Espírito Santo, Istambul, sábado, 29 de novembro de 2014).

DM: Quais são suas maiores preocupações sobre o novo documento?

+AS: Como bispo, uma das minhas principais preocupações é que, em vez depromover uma maior unidade pela coexistência de diversas formas litúrgicasautênticas, o Motu Proprio cria uma sociedade de duas classes na Igreja, i. e.,

Católicos de primeira classe e Católicos de segunda classe. Os privilegiados de
primeira classe são aqueles que aderem à liturgia reformada, i. e., o Novus Ordo, e os
Católicos de segunda classe, que agora mal serão tolerados, incluem um grande
número de famílias Católicas, crianças, jovens e sacerdotes que, nas últimas décadas,
têm crescido na liturgia tradicional e experimentado, com grande benefício espiritual,
a realidade e o mistério da Igreja graças a esta forma litúrgica, que as gerações
anteriores consideravam sagrada e que formou tantos santos e Católicos notáveis ao
longo história.

“Um tesouro litúrgico quase milenar,
válido e altamente estimado, não é a
propriedade privada de um papa que
ele pode livremente descartar.

O Motu Proprio e a Carta de acompanhamento cometem uma injustiça contra todos
os católicos que aderem à forma litúrgica tradicional, por acusá-los de ser
divisionistas e de rejeitar o Concílio Vaticano Segundo. Na verdade, uma porção
considerável desses Católicos se mantém longe das discussões doutrinárias sobre o
Vaticano II, a nova Ordem da Missa (Novus Ordo Missae), e outros problemas
envolvendo política eclesiástica. Eles só querem adorar a Deus na forma litúrgica
através da qual Deus tocou e transformou seus corações e suas vidas. O argumento
invocado no Motu Proprio e na Carta de acompanhamento, i. e., que a forma litúrgica
tradicional cria divisão e ameaça a unidade da Igreja, é refutada pelos fatos. Além
disso, o tom depreciativo tomado nestes documentos contra a forma litúrgica
tradicional levaria qualquer observador imparcial a concluir que tais argumentos são
apenas um pretexto e um ardil, e que algo mais está em jogo aqui.

DM: Quão convincente é a comparação do Papa Francisco (em sua carta de
acompanhamento aos bispos) entre suas novas medidas e àquelas adotadas por
São Pio V em 1570?

+AS: O tempo do Concílio Vaticano II e da chamada Igreja “conciliar” tem se
caracterizado por uma abertura à diversidade e inclusão de espiritualidades e
expressões litúrgicas locais, acompanhada da rejeição do princípio de uniformidade
na praxis litúrgica da Igreja. Ao longo da história, a verdadeira atitude pastoral tem
sido a de tolerância e respeito para com a diversidade de formas litúrgicas, desde que
expressem a integridade da Fé Católica, a dignidade e a sacralidade das formas
rituais, e que elas produzam verdadeiros frutos espirituais na vida dos fiéis. No
passado, a Igreja Romana reconheceu a diversidade de expressões em sua lex
orandi. Na constituição apostólica que promulgou a Liturgia Tridentina, Quo
Primum (1570), o Papa Pio V, ao aprovar todas aquelas expressões litúrgicas da Igreja
Romana que tinham mais que duzentos anos, reconheceu-as como igualmente dignas
e como expressões legítimas da lex orandi da Igreja Romana. Nessa bula, o Papa Pio
V afirmou que de forma alguma anulava outras legítimas expressões litúrgicas dentro
da Igreja Romana. A forma litúrgica da Igreja Romana que era válida até a reforma
que fez Paulo VI não surgiu com Pio V, mas permaneceu substancialmente inalterada
mesmo séculos antes do Concílio de Trento. A primeira edição impressa do Missale
Romanum remonta a 1470, portanto, cem anos antes do missal publicado por Pio V. A
ordem da Missa de ambos missais é quase idêntica; a diferença está mais em
elementos secundários, como calendário, número de prefácios e rubricas mais
precisas.

O novo Motu Proprio do Papa Francisco também é profundamente preocupante na
medida em que manifesta uma atitude de discriminação contra uma forma litúrgica
quase milenar da Igreja Católica. A Igreja nunca rejeitou aquilo que, ao longo do
período de muitos séculos, expressou sacralidade, precisão doutrinária e riqueza
espiritual, e foi exaltado por muitos papas, grande teólogos (e. g., Santo Tomás de
Aquino) e vários santos. Os povos da Europa Ocidental e, em parte, da Europa
Oriental, do Norte e Sul da Europa, das Américas, África e Ásia foram evangelizados

e formados doutrinária e espiritualmente pelo Rito Romano tradicional, e esses povos
encontraram nesse rito seu lar espiritual e litúrgico. O Papa João Paulo II deu um
exemplo de uma sincera apreciação pela forma tradicional da Missa, quando disse:
“No Missal Romano, chamado ‘de São Pio V’, como em várias Liturgias Orientais,
existem belas orações com as quais o sacerdote expressa o mais profundo senso de
humildade e reverência diante dos santos mistérios: elas revelam a própria substância
de qualquer liturgia” (Mensagem aos Participantes da Assembleia Plenária da
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina do Sacramentos, 21 de setembro de
2001).

“Seminaristas e jovens sacerdotes
devem solicitar o direito de usar esse
tesouro comum da Igreja, e se esse
direito lhes for negado, eles podem
usá-lo mesmo assim.

Iria contra o verdadeiro espírito da Igreja de todas as eras até agora expressar
desprezo por esta forma litúrgica, rotulá-la como “divisiva” e como algo perigoso
para a unidade da Igreja, e emitir normas destinadas a fazer com que essa forma
desapareça no tempo. As normas consagradas no Motu Proprio do Papa Francisco
procuram arrancar impiedosamente das almas e das vidas de tantos católicos a liturgia
tradicional, que é sagrada em si mesma, e representa a pátria espiritual desses
Católicos. Com este Motu Proprio, os Católicos que hoje foram espiritualmente
nutridos e formados pela liturgia tradicional da Santa Madre Igreja, deixarão de
experimentar a Igreja como mãe, mas sim como uma “madrasta”, de acordo com a
própria descrição do Papa Francisco: “Uma mãe que critica, que fala mal dos seus
filhos não é mãe! Penso que se diga «madrasta» [matrigna] em italiano… Não é
mãe.” (Discurso aos Homens e Mulheres Consagrados da Diocese de Roma, 16 de
maio de 2015).

DM: A carta apostólica do Papa Francisco foi emitida na festa de Nossa Senhora
do Monte Carmelo, padroeira das Carmelitas (como Santa Thérèse de Lisieux),
que rezam especialmente pelos sacerdotes. À luz das novas medidas, o que Vossa
Excelência Reverendíssima diria para os seminaristas diocesanos e os jovens
padres que esperavam celebrar a Missa Tradicional Latina?

+AS: O Cardeal Joseph Ratzinger falou sobre a limitação dos poderes do papa a
respeito da liturgia, com esta esclarecedora explicação: “O papa não é um monarca
absoluto cuja vontade é lei; ao contrário, ele é o guardião da Tradição autêntica e,
portanto, o primeiro fiador da obediência. Ele não pode fazer o que quer, e ele é assim
capaz de se opor àquelas pessoas que, por sua vez, querem fazer tudo o que vem à sua
cabeça. Seu governo não é o do poder arbitrário, mas o da obediência na fé. É por
isso que, no que diz respeito à Liturgia, ele tem a tarefa de um jardineiro, não a de um
técnico que constrói novas máquinas e joga as velhas na pilha de sucata. O ‘rito’,
aquela forma de celebração e oração que amadureceu na fé e na vida da Igreja, é uma
forma condensada da Tradição viva em que a esfera que usa aquele rito expressa toda
a sua fé e sua oração e, portanto, ao mesmo tempo, a comunhão de gerações uma com
a outra torna-se algo que podemos experimentar, comunhão com as pessoas que
rezaram antes de nós e rezarão depois de nós. Assim, o rito é algo de benéfico que é
dado à Igreja, uma forma viva de paradosis, a entrega da Tradição.” (Prefácio de “O
Desenvolvimento Orgânico da Liturgia. Os Princípios da Reforma Litúrgica e sua
Relação com o Movimento Litúrgico do século XX antes do Concílio Vaticano II”
por Dom Alcuin Reid, San Francisco, 2004).

“As normas consagradas no Motu
Proprio do Papa Francisco procuram
arrancar impiedosamente das almas
e das vidas de tantos católicos a liturgia
tradicional, que é sagrada em si mesma,
e representa a pátria espiritual desses
Católicos.

A Missa tradicional é um tesouro que pertence a toda a Igreja, uma vez que foi
celebrada e profundamente considerada e amada por sacerdotes e santos durante pelo
menos mil anos. Na verdade, a forma tradicional da Missa permaneceu quase idêntica
por séculos antes da publicação do Missal do Papa Pio V em 1570. Um tesouro
litúrgico quase milenar, válido e altamente estimado, não é a propriedade privada de
um papa que ele pode livremente descartar. Portanto, os seminaristas e os jovens
sacerdotes devem solicitar o direito de usar este tesouro comum da Igreja, e se esse
direito lhes for negado, eles podem usá-lo mesmo assim, talvez de uma maneira
clandestina. Isso não seria um ato de desobediência, mas antes de obediência à Santa
Madre Igreja, que nos deu este tesouro litúrgico. A firme rejeição de uma forma
litúrgica de quase mil anos pelo Papa Francisco representa, de fato, um fenômeno de
curta vida em comparação com o constante espírito e praxis da Igreja.

DM: Excelência, qual tem sido sua impressão até agora da implementação do
“Traditionis Custodes”?

+AS: Dentro de poucos dias, bispos diocesanos e até mesmo uma conferência
episcopal inteira já começaram uma supressão sistemática de qualquer celebração da
forma tradicional da Santa Missa. Estes novos “inquisidores da liturgia” têm
mostrado um clericalismo surpreendentemente rígido, semelhante ao descrito e
lamentado pelo Papa Francisco, quando ele disse: “Há aquele espírito de clericalismo
na Igreja, que se percebe: os clérigos sentem-se superiores, afastam-se das pessoas e
dizem sempre: ‘isto deve ser feito assim, assim; e vós, ide embora!’.” (Meditação
diária na Santa Missa de 13 de dezembro de 2016).

O anti-tradicional Motu Proprio do Papa Francisco compartilha algumas semelhanças
com as decisões litúrgicas fatídicas e extremamente rígidas feitas pela Igreja
Ortodoxa Russa sob o Patriarca Nikon de Moscou entre 1652 e 1666. Isso acabou
levando a um cisma duradouro conhecido como “Ritualistas Antigos” (em
russo: staroobryadtsy), que mantiveram as práticas litúrgicas e rituais da Igreja Russa
como eram antes das reformas do Patriarca Nikon. Resistindo à acomodação da
piedade Russa às formas contemporâneas de adoração Ortodoxa Grega, esses
Ritualistas Antigos foram anatematizados com seu ritual, no Sínodo de 1666-67,
produzindo uma divisão entre os Ritualistas Antigos e aqueles que seguiram a igreja
estatal em sua condenação do Rito Antigo. Hoje a Igreja Ortodoxa Russa lamenta as
decisões drásticas do Patriarca Nikon, pois se as normas que ele implementou fossem
verdadeiramente pastorais e permitissem o uso do antigo rito, não teria havido um
cisma de séculos, com muitos sofrimentos desnecessários e cruéis.

“O que se precisa urgentemente é um
Motu Proprio com normas estritas
suprimindo a prática das ditas
“Missas LGBT”, pois são um ultraje à
majestade divina.

Em nossos próprios dias, estamos testemunhando cada vez mais celebrações da Santa
Missa, que se tornou uma plataforma para promover o estilo de vida pecaminoso da
homossexualidade — as chamadas “Missas LGBT”, um expressão que em si já é uma
blasfêmia. Essas Missas são toleradas pela Santa Sé e por muitos bispos. O que se
precisa urgentemente é um Motu Proprio com normas estritas suprimindo a prática
das ditas “Missas LGBT”, pois são um ultraje à majestade divina, um escândalo para
os fiéis (os pequeninos), e uma injustiça para com os homossexuais sexualmente
ativos, que por tais celebrações são confirmadas em seus pecados, e cuja salvação
eterna está, portanto, sendo colocada em perigo.

DM: E mesmo assim vários bispos, particularmente nos Estados Unidos, mas
também em outros lugares, como na França, têm apoiado os fiéis de suas
dioceses que estão vinculados à Missa Tradicional Latina. O que V. Exa. Revma.
diria para encorajar esses vossos irmãos bispos? E que atitude devem os fiéis ter
para com seus bispos, muitos dos quais se surpreenderam com o documento?

+AS: Esses bispos têm demonstrado uma verdadeira atitude apostólica e pastoral,
como aqueles que são “pastores com o cheiro das ovelhas”. Eu poderia encorajar
esses e muitos outros bispos a continuar com tal nobre atitude pastoral. Que nem os
elogios nem o medo dos homens os movam, mas apenas a maior glória de Deus, e o
maior benefício espiritual das almas e sua salvação eterna. De sua parte, os fiéis
devem demonstrar para com esses bispos gratidão, respeito filial e amor.

“Com o tempo, uma cadeia mundial
de Missas nas catacumbas com
certeza surgirá, como acontece em
tempos de emergência e perseguição.

DM: Que efeito V. Exa. Revma. pensa que o Motu Proprio terá?

+AS: O novo Motu Proprio do Papa Francisco é, em última análise, uma vitória
pírrica e terá um efeito bumerangue. As muitas famílias Católicas e o número 1
sempre crescente de pessoas jovens e sacerdotes — particularmente jovens sacerdotes— que participam da Missa tradicional, não poderão permitir que suas consciências sejam violadas por um ato administrativo tão drástico. Dizendo a esses fiéis esacerdotes que eles devem simplesmente ser obedientes a essas normas acabará pornão funcionar com eles, porque eles entendem que um chamado à obediência perde Relativo a Pirro, rei de Epiro. É uma expressão utilizada para se referir a uma vitória obtida a alto preço, 1
potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis. — N.T.
seu poder quando o objetivo é suprimir a forma tradicional da liturgia, o grande
tesouro litúrgico da Igreja Romana.

Com o tempo, uma cadeia mundial de Missas nas catacumbas com certeza surgirá,
como acontece em tempos de emergência e perseguição. Nós poderemos na verdade
testemunhar uma era de Missas tradicionais clandestinas, semelhantes a essa
impressionantemente retratada por Aloysius O’Kelly em sua pintura, “Missa em
Connemara (Irlanda) durante os Tempos Penais.”2

Ou talvez vivamos em um tempo semelhante ao descrito por São Basílio Magno,
quando os Católicos tradicionais foram perseguidos por um episcopado Ariano liberal
no século IV. São Basílio escreveu: “As bocas dos verdadeiros crentes são mudas,
enquanto toda língua blasfema balança livremente; coisas sagradas são pisoteadas; os
melhores leigos evitam as igrejas como escolas de impiedade; e levantam suas mãos
nos desertos com suspiros e lágrimas para seu Senhor no céu. Mesmo vocês devem
ter ouvido o que está acontecendo na maioria de nossas cidades, como nosso povo
com esposas e filhos e até mesmo nossos idosos correm diante das muralhas e

oferecem suas orações ao ar livre, suportando todos os inconvenientes do tempo com
muita paciência e esperando a ajuda do Senhor” (Carta 92).

A admirável, harmoniosa e bastante espontânea propagação e crescimento contínuo
da forma tradicional da Missa, em quase todos os países do mundo, mesmo nas terras
mais remotas, é sem dúvida obra do Espírito Santo e um verdadeiro sinal do nosso
tempo. Esta forma de celebração litúrgica produz verdadeiros frutos espirituais,
especialmente na vida dos jovens e dos convertidos à Igreja Católica, uma vez que
muitos destes foram atraídos à fé Católica precisamente pelo poder irradiante deste
tesouro da Igreja. O Papa Francisco e os outros bispos que executarão seu Motu
Proprio devem considerar seriamente o sábio conselho de Gamaliel, e se perguntarem
se eles realmente estão lutando contra uma obra de Deus: “E agora, portanto, eu vos
digo: deixe esses homens e permita-os; pois se esta intenção ou obra for de homens,
ela se dissolverá; mas se for de Deus, não poderão dissolvê-la. Quem sabe não se
encontrem lutando contra Deus!” (Atos 5, 38-39). Que o Papa Francisco reconsidere,
com vistas à eternidade, seu ato drástico e trágico, e corajosa e humildemente se
retrate deste novo Motu Proprio, relembrando suas próprias palavras: “Na realidade,
a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que põe de lado a pretensão de
O regular e domesticar.” (Homilia na Catedral Católica do Espírito Santo, Istambul,
sábado, 29 de novembro de 2014).

Por enquanto, muitas famílias Católicas, jovens e sacerdotes em todos os continentes,
estão agora chorando, pois o Papa — seu pai espiritual — privou-os do alimento
espiritual da Missa tradicional, que tanto fortaleceu sua fé e seu amor por Deus, pela
Santa Madre Igreja e pela Sé Apostólica. Eles podem, por um tempo, “ir caminhando
e chorando, portando suas sementes, mas na volta eles voltarão exultando portando
seus manípulos” (Salmo 126, 6).

Essas famílias, jovens e sacerdotes poderiam dirigir ao Papa Francisco estas ou outras
palavras semelhantes: “Santíssimo Padre, devolva-nos o grande tesouro litúrgico da
Igreja. Não nos trate como seus filhos de segunda classe. Não viole nossas
consciências nos forçando em uma forma litúrgica única e exclusiva, vós que sempre
proclamastes a todo o mundo a necessidade da diversidade, acompanhamento
pastoral e respeito à consciência. Não dê ouvidos àqueles representantes de um rígido
clericalismo que o aconselharam a realizar uma ação tão impiedosa. Seja um
verdadeiro pai de família, que ‘tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas’ (Mt
13, 52). Se ouvirdes a nossa voz, no dia de vosso julgamento diante de Deus, seremos
seus melhores intercessores.”

Jakiż rażący kontrast poglądów prezentuje to Motu Proprio w porównaniu z naczelną zasadą pontyfikatu papieża Franciszka, to jest inkluzywnością i uprzywilejowaną miłością wobec mniejszości oraz tych, którzy znajdują się na peryferiach życia Kościoła – mówi ksiądz biskup Athanasius Schneider w rozmowie z Diane Montagna. Prezentujemy pełne polskie tłumaczenie wywiadu.

Ekscelencjo, nowy list apostolski papieża Franciszka motu proprio, wydany 16 lipca 2021 roku, nosi tytuł „Traditionis Custodes” (Strażnicy Tradycji). Jakie było pierwsze wrażenie Księdza Biskupa odnośnie do wyboru tego tytułu?

Moim pierwszym skojarzeniem był pasterz, który – zamiast dać się przeniknąć zapachem swoich owiec – ze złością tłucze je kijem.

Jakie ogólne wrażenia odnosi Ekscelencja z lektury Motu Proprio i z towarzyszącego mu Listu papieża Franciszka do biskupów świata, w którym wyjaśnia on swoje racje przemawiające za ograniczeniem tradycyjnej Mszy Świętej łacińskiej?

W swojej programowej adhortacji apostolskiej Evangelii Gaudium papież Franciszek wzywa do przyjęcia „pewnych postaw pomagających lepiej przyjąć orędzie: bliskość, otwarcie na dialog, cierpliwość, serdecznie przyjęcie, które nie potępia” (n. 165). Jednak czytając nowe Motu Proprio i towarzyszący mu List, można odnieść przeciwne wrażenie, a mianowicie, że dokument ten, rozpatrywany jako całość, cechuje się nietolerancją duszpasterską, a nawet duchową sztywnością. Motu Proprio i towarzyszący mu List wyrażają ducha osądu i niechęci. W dokumencie o ludzkim braterstwie (podpisanym w Abu Dhabi 4 lutego 2019 r.) papież Franciszek popiera „różnorodność religii”, natomiast w swoim nowym Motu Proprio zdecydowanie odrzuca on różnorodność form liturgicznych w Rycie Rzymskim.

Jakiż rażący kontrast poglądów prezentuje to Motu Proprio w porównaniu z naczelną zasadą pontyfikatu papieża Franciszka, tj. inkluzywnością i uprzywilejowaną miłością wobec mniejszości i tych, którzy znajdują się na peryferiach życia Kościoła. I jakże zdumiewająco ograniczone podejście odnajdujemy w Motu Proprio, podejście kontrastujące z własnymi słowami papieża Franciszka: „Wiemy, iż z różnych stron jesteśmy kuszeni, aby żyć według logiki przywileju, która nas dzieli-rozdzielając, która nas wyklucza-wykluczając, która nas zamyka-zamykając marzenia i życie wielu naszych braci” (homilia podczas nieszporów, 31 grudnia 2016 r.). Nowe normy Motu Proprio poniżają tysiącletnią formę lex orandi Kościoła rzymskiego, a jednocześnie zamykają „marzenia i życie [tak] wielu” rodzin katolickich, a zwłaszcza młodzieży i młodych kapłanów, których życie duchowe oraz miłość do Chrystusa i Kościoła wzrastały i czerpały wielkie korzyści z tradycyjnej formy Mszy Świętej.

Motu Proprio ustanawia zasadę rzadko spotykanej wyłączności liturgicznej, stwierdzając, że nowo promulgowane księgi liturgiczne są jedynym [unica] wyrazem lex orandi Rytu Rzymskiego (art. 1). Jakiż kontrast stanowi również to stanowisko z następującymi słowami papieża Franciszka: „To prawda, że Duch Święty rozbudza różne charyzmaty w Kościele. Pozornie zdaje się to tworzyć nieład, ale w istocie, pod Jego kierownictwem, stanowi ogromne bogactwo, ponieważ Duch Święty jest Duchem jedności, która nie oznacza jednolitości”(Homilia papieża Franciszka w katolickiej katedrze Ducha Świętego, Stambuł, 29 listopada 2014 r.).

Jakie są największe obawy Ekscelencji związane z nowym dokumentem?

Dla mnie, jako biskupa, jedną z głównych obaw jest to, że Motu Proprio, zamiast sprzyjać większej jedności poprzez współistnienie różnych autentycznych form liturgicznych, tworzy w Kościele społeczeństwo dwuklasowe, tzn. katolików pierwszej klasy i katolików drugiej klasy. Do uprzywilejowanej pierwszej klasy należą ci, którzy przywiązani są do zreformowanej liturgii, tzn. do Novus Ordo, a do drugiej klasy katolików, którzy teraz będą ledwie tolerowani, należy duża liczba katolickich rodzin, dzieci, młodzieży i kapłanów, którzy w ostatnich dziesięcioleciach wzrastali w tradycyjnej liturgii i doświadczyli, z wielką korzyścią duchową, rzeczywistości i tajemnicy Kościoła dzięki tej formie liturgicznej, którą wcześniejsze pokolenia uważały za świętą i która uformowała tak wielu świętych i wybitnych katolików na przestrzeni dziejów.

Motu Proprio i towarzyszący mu List dopuszczają się niesprawiedliwości wobec wszystkich katolików przywiązanych do tradycyjnej formy liturgicznej, oskarżając ich o tworzenie podziałów i odrzucanie Soboru Watykańskiego II. W rzeczywistości znaczna część tych katolików trzyma się z dala od dyskusji doktrynalnych dotyczących Vaticanum II, nowego porządku mszy (Novus Ordo Missae) i innych problemów związanych z polityką kościelną. Pragną oni po prostu wielbić Boga w formie liturgicznej, poprzez którą Bóg dotknął i przemienił ich serca i życie. Argument przywołany w Motu Proprio i w towarzyszącym mu Liście, jakoby tradycyjna forma liturgiczna wprowadzała podziały i zagrażała jedności Kościoła, nie znajduje potwierdzenia w faktach. Co więcej, lekceważący ton tych dokumentów, wymierzonych w tradycyjną formę liturgiczną, prowadzi każdego bezstronnego obserwatora do wniosku, że takie argumenty są tylko pretekstem i wybiegiem, i że gra toczy się o coś innego.

Czy Ekscelencja uważa za przekonujące przyrównanie przez papieża Franciszka (w liście do biskupów) jego nowych środków do tych, które zostały przyjęte w 1570 r. przez św. Piusa V?

Okres Soboru Watykańskiego II i tak zwanego Kościoła „posoborowego” charakteryzował się otwartością na różnorodność i inkluzywność duchowości i lokalnych form liturgicznych, przy jednoczesnym odrzuceniu zasady jednolitości w liturgicznej praktyce Kościoła. Na przestrzeni dziejów prawdziwa postawa duszpasterska wyrażała się w tolerancji i szacunku wobec różnorodności form liturgicznych, pod warunkiem, że wyrażają one integralność wiary katolickiej, godność i świętość form obrzędowych oraz że przynoszą prawdziwe owoce duchowe w życiu wiernych. W przeszłości Kościół rzymski uznawał w swoim lex orandi różnorodność form wyrazu. W konstytucji apostolskiej promulgującej liturgię trydencką Quo Primum (1570 r.), papież Pius V, zatwierdzając wszystkie te formy liturgiczne Kościoła rzymskiego, które liczyły ponad dwieście lat, uznał je za równie godny i prawowity wyraz lex orandi Kościoła rzymskiego. W bulli tej papież Pius V oświadczył, że w żaden sposób nie unieważnia innych prawowitych form liturgicznych w Kościele rzymskim. Forma liturgiczna Kościoła rzymskiego, która obowiązywała aż do reformy Pawła VI, nie powstała za czasów Piusa V, ale pozostawała zasadniczo niezmieniona jeszcze na wiele wieków przed Soborem Trydenckim. Pierwsze drukowane wydanie Missale Romanum ukazało się w 1470 r., a więc na sto lat przed mszałem wydanym przez Piusa V. Porządek mszy w obu mszałach jest niemal identyczny; różnica polega raczej na elementach drugorzędnych, takich jak kalendarz, liczba prefacji i bardziej precyzyjne normy rubryczne.

Nowe Motu Proprio papieża Franciszka budzi głęboki niepokój również dlatego, że wyraża postawę dyskryminacji wobec prawie tysiącletniej formy liturgicznej Kościoła katolickiego. Kościół nigdy nie odrzucał tego, co na przestrzeni wielu wieków wyrażało świętość, precyzję doktrynalną i bogactwo duchowe, a także było wysławiane przez wielu papieży, wielkich teologów (np. św. Tomasza z Akwinu) i licznych świętych. Narody Europy Zachodniej, a częściowo także Wschodniej, Północnej i Południowej, obu Ameryk, Afryki i Azji były ewangelizowane i formowane doktrynalnie i duchowo przez tradycyjny Ryt Rzymski, i w tym rycie odnalazły swoją duchową i liturgiczną ojczyznę. Papież Jan Paweł II dał przykład szczerego uznania wobec tradycyjnej formy Mszy Świętej, gdy powiedział: „W Mszale Rzymskim, zwanym ‘Mszałem św. Piusa V’, podobnie jak w różnych liturgiach wschodnich, znajdują się piękne modlitwy, którymi kapłan wyraża najgłębsze poczucie pokory i czci wobec świętych tajemnic: odsłaniają one samą istotę każdej liturgii” (Przesłanie do uczestników Zgromadzenia Plenarnego Kongregacji ds. Kultu Bożego i Dyscypliny Sakramentów, 21 września 2001 r.).

Wyrażanie dziś pogardy dla tej formy liturgicznej, piętnowanie jej jako „dzielącej” i zagrażającej jedności Kościoła oraz wydawanie norm mających na celu doprowadzenie do jej stopniowego zaniku byłoby sprzeczne z prawdziwym duchem Kościoła wszystkich wieków. Normy zawarte w Motu Proprio papieża Franciszka mają na celu niemiłosierne wydarcie z dusz i życia tak wielu katolików tradycyjnej liturgii, która sama w sobie jest święta i stanowi duchową ojczyznę tych katolików. Zgodnie z tym Motu Proprio, katolicy, którzy dzisiaj są duchowo karmieni i formowani przez tradycyjną liturgię Świętej Matki Kościoła, nie będą już postrzegać Kościoła jako matki, ale raczej jako „macochę”, co odpowiada opisowi samego papieża Franciszka: „Matka, która krytykuje, która źle mówi o swoich dzieciach, nie jest matką! Wydaje mi się, że po włosku mówi się „macocha”… Nie jest matką”

List apostolski papieża Franciszka został wydany w święto Matki Bożej z Góry Karmel, patronki członków zakonów karmelitańskich (takich jak św. Teresa z Lisieux), którzy w sposób szczególny modlą się kapłanów. W obliczu nowych środków, co Ksiądz Biskup powiedziałby seminarzystom diecezjalnym i młodym księżom, którzy mieli nadzieję na odprawianie tradycyjnej Mszy łacińskiej?

Kardynał Joseph Ratzinger mówił o granicach uprawnień papieża w odniesieniu do liturgii, wyjaśniając je w następujący, pouczający sposób: „Papież nie jest monarchą absolutnym, którego wola jest prawem; jest on raczej strażnikiem autentycznej Tradycji, a tym samym głównym gwarantem posłuszeństwa. Nie może robić tego, co mu się podoba, i dlatego jest w stanie przeciwstawić się ludziom, którzy sami chcą robić to, co tylko przyjdzie im do głowy. Jego panowanie nie jest władzą arbitralną, ale posłuszeństwem w wierze. Dlatego w odniesieniu do Liturgii ma on zadanie ogrodnika, a nie technika, który buduje nowe maszyny, a stare wyrzuca na śmietnik. „Ryt”, ta forma celebracji i modlitwy, która dojrzała w wierze i życiu Kościoła, jest skondensowaną formą żywej Tradycji, w której środowisko posługujące się tym rytem wyraża całą swoją wiarę i swoją modlitwę, a tym samym wspólnota jednych pokoleń z drugimi staje się czymś, czego możemy doświadczyć, wspólnota z ludźmi, którzy modlą się przed nami i po nas. W ten sposób ryt jest czymś pożytecznym, danym Kościołowi, żywą formą paradosis, przekazywania Tradycji” (Przedmowa do: „The Organic Development of the Liturgy. The Principles of Liturgical Reform and Their Relation to the Twentieth-century Liturgical Movement Prior to the Second Vatican Council”, Dom Alcuin Reid, San Francisco 2004).

Tradycyjna Msza Święta jest skarbem należącym do całego Kościoła, ponieważ jest ona celebrowana, głęboko poważana i miłowana przez kapłanów i świętych od co najmniej tysiąca lat. W istocie tradycyjna forma Mszy była niemal identyczna na wieki przed opublikowaniem Mszału papieża Piusa V w 1570 roku. Prawie tysiącletni ważny i wysoce ceniony skarb liturgiczny nie jest prywatną własnością papieża, którą może on dowolnie dysponować. Dlatego seminarzyści i młodzi kapłani muszą prosić o prawo do korzystania z tego wspólnego skarbu Kościoła, a gdyby odmówiono im tego prawa, mogą z niego korzystać mimo wszystko, być może w sposób potajemny. Nie byłoby to aktem nieposłuszeństwa, ale raczej posłuszeństwa wobec Świętej Matki Kościoła, która dała nam ten skarb liturgiczny. Stanowcze odrzucenie przez papieża Franciszka prawie tysiącletniej formy liturgicznej jest w rzeczywistości zjawiskiem krótkotrwałym w porównaniu z niezmiennym duchem i praxis Kościoła.

Ekscelencjo, jakie są dotychczasowe wrażenia Księdza Biskupa w kwestii wdrażania „Traditionis Custodes”?

W ciągu kilku krótkich dni, biskupi diecezjalni, a nawet jedna konferencja biskupów, rozpoczęli już systematyczne tępienie wszelkich celebracji tradycyjnej formy Mszy Świętej. Ci nowi „inkwizytorzy liturgiczni” wykazali się zadziwiająco sztywnym klerykalizmem, podobnym do tego, który opisał i nad którym ubolewał papież Franciszek, mówiąc: „Jest ten duch klerykalizmu w Kościele, którego się czuje: duchowni czują się wyżsi, duchowni oddalają się od ludzi, duchowni zawsze mówią: ‘to robi się tak, tak i tak, a wy idźcie sobie!”

Antytradycyjne Motu Proprio papieża Franciszka wykazuje pewne podobieństwa do fatalnych i niezwykle sztywnych decyzji liturgicznych podjętych przez Rosyjską Cerkiew Prawosławną za czasów patriarchy moskiewskiego Nikona w latach 1652-1666. Doprowadziło to w końcu do trwałej schizmy środowisk znanych jako „staroobrzędowcy” (po rosyjsku: старообрядцы), którzy zachowali liturgiczne i obrzędowe praktyki Kościoła rosyjskiego w formie sprzed reform patriarchy Nikona. Sprzeciwiając się dostosowaniu pobożności rosyjskiej do współczesnych form kultu grecko-prawosławnego, staroobrzędowcy, wraz ze swoim rytuałem, zostali obłożeni anatemą na synodzie w latach 1666-67, co doprowadziło do podziału na staroobrzędowców i tych, którzy poparli potępienie starego obrządku przez Kościół państwowy. Dziś Cerkiew rosyjsko-prawosławna żałuje drastycznych decyzji patriarchy Nikona, albowiem gdyby wprowadzone przez niego normy były prawdziwie duszpasterskie i pozwalały na używanie starego obrządku, nie doszłoby do wielowiekowej schizmy, okupionej wieloma niepotrzebnymi i okrutnymi cierpieniami.

W naszych czasach jesteśmy świadkami coraz liczniejszych celebracji Mszy Świętej, które stały się platformą promowania grzesznego stylu życia, jakim jest homoseksualizm – są to tak zwane „Msze LGBT”, co samo w sobie jest już bluźnierstwem. Takie Msze są tolerowane przez Stolicę Apostolską i wielu biskupów. Pilnie potrzebne jest Motu Proprio zawierające surowe normy zakazujące praktykowania takich „Mszy LGBT”, ponieważ są one obrazą Bożego majestatu, zgorszeniem dla wiernych (maluczkich) i niesprawiedliwością wobec aktywnych seksualnie osób homoseksualnych, które przez takie celebracje są utwierdzane w swoich grzechach, przez co zagrożone jest ich wieczne zbawienie.

A mimo to wielu biskupów, zwłaszcza w Stanach Zjednoczonych, ale także gdzie indziej, np. we Francji, wspiera wiernych swojej diecezji, przywiązanych do tradycyjnej Mszy Świętej. Co Ekscelencja chciałby powiedzieć, aby zachęcić swoich braci biskupów? I jaki stosunek powinni mieć wierni do swoich biskupów, wielu spośród których było zaskoczonych tym dokumentem?

Biskupi ci wykazali się prawdziwą postawą apostolską i pasterską, jako ci, którzy są „pasterzami o zapachu owiec”. Chciałbym zachęcić tych i wielu innych biskupów do kontynuowania tak szlachetnej postawy duszpasterskiej. Niech nie wzruszają ich ani pochwały ludzkie, ani strach przed ludźmi, lecz jedynie większa chwała Boża, większy pożytek duchowy dusz i ich wieczne zbawienie. Wierni ze swej strony powinni okazywać tym biskupom wdzięczność oraz synowski szacunek i miłość.

Jak Ekscelencja sądzi, jaki skutek odniesie Motu Proprio?

Nowe Motu Proprio papieża Franciszka jest w ostatecznym rozrachunku pyrrusowym zwycięstwem i wywoła efekt bumerangu. Liczne rodziny katolickie i stale rosnąca liczba młodych ludzi i księży – szczególnie młodych księży – którzy uczestniczą w tradycyjnej Mszy, nie pozwolą, aby ich sumienie zostało pogwałcone za sprawą tak drastycznego aktu administracyjnego. Wmawianie tym wiernym i księżom, że muszą być po prostu posłuszni tym normom, w ostatecznym rozrachunku nie odniesie skutku, ponieważ rozumieją oni, że wezwanie do posłuszeństwa traci swoją moc, gdy celem jest wyparcie tradycyjnej formy liturgii, wielkiego skarbu liturgicznego Kościoła rzymskiego.

Z czasem z pewnością powstanie światowa sieć katakumbowych mszy, jak ma to miejsce w czasach zagrożenia i prześladowań. Może faktycznie będziemy świadkami ery potajemnych tradycyjnych Mszy Świętych, podobnych do tych, które tak imponująco przedstawił Aloysius O’Kelly w swoim obrazie „Msza w Connemara (Irlandia) w czasach karnych”. A może będziemy żyć w czasach podobnych do tych opisanych przez św. Bazylego Wielkiego, kiedy tradycyjni katolicy byli prześladowani przez liberalny episkopat ariański w IV wieku. Św. Bazyli pisał: „Usta prawdziwych wierzących są nieme, podczas gdy każdy bluźnierczy język miele swobodnie; święte rzeczy są tratowane pod stopami; lepsi świeccy stronią od kościołów jako od szkół bezbożności; a na pustyni wznoszą ręce wzdychając i płacząc do swego Pana w niebie. Zapewne słyszałeś, co się dzieje w większości naszych miast, jak nasi ludzie z żonami i dziećmi, a nawet starcy, wychodzą przed mury i modlą się pod gołym niebem, znosząc z wielką cierpliwością wszelką niepogodę i oczekując pomocy od Pana” (List 92).

Budzące podziw, harmonijne i całkiem spontaniczne rozprzestrzenianie się i ciągły wzrost tradycyjnej formy Mszy Świętej w prawie wszystkich krajach świata, nawet w najbardziej odległych krainach, jest niewątpliwie dziełem Ducha Świętego i prawdziwym znakiem naszych czasów. Ta forma celebracji liturgicznej przynosi prawdziwe owoce duchowe, zwłaszcza w życiu młodzieży i osób nawróconych do Kościoła katolickiego, ponieważ wielu z nich zostało przyciągniętych do wiary katolickiej właśnie dzięki promieniującej mocy tego skarbu Kościoła. Papież Franciszek i inni biskupi, którzy będą wdrażać jego Motu Proprio, powinni uważnie rozważyć mądrą radę Gamaliela i zadać sobie pytanie, czy przypadkiem nie walczą z dziełem Bożym: „Więc i teraz wam mówię: Odstąpcie od tych ludzi i puśćcie ich! Jeżeli bowiem od ludzi pochodzi ta myśl czy sprawa, rozpadnie się, a jeżeli rzeczywiście od Boga pochodzi, nie potraficie ich zniszczyć i może się czasem okazać, że walczycie z Bogiem” (Dz 5, 38-39). Oby papież Franciszek, zważywszy na wieczność, ponownie przemyślał swój drastyczny i tragiczny akt; oby mężnie i pokornie wycofał to nowe Motu Proprio, pomny na swoje własne słowa: „W rzeczywistości Kościół okazuje się wiernym Duchowi Świętemu, na tyle, na ile nie usiłuje Go uregulować i oswoić” (Homilia w Katolickiej Katedrze Ducha Świętego, Stambuł, 29 listopada 2014 r.)

Tymczasem wiele katolickich rodzin, młodych ludzi i kapłanów na wszystkich kontynentach płacze, ponieważ Papież – ich duchowy ojciec – pozbawił ich duchowego pokarmu tradycyjnej Mszy Świętej, która tak bardzo umacniała ich wiarę i miłość do Boga, do Świętej Matki Kościoła i do Stolicy Apostolskiej. Być może przez pewien czas będą oni „Postęp[ować] naprzód wśród płaczu,
niosąc ziarno na zasiew: Z powrotem przy[jdą] wśród radości, przynosząc swoje snopy” (Ps 126, 6).

Owe rodziny, młodzi ludzie i kapłani mogliby skierować do papieża Franciszka takie lub podobne słowa: „Najświętszy Ojcze, oddaj nam ten wielki skarb liturgiczny Kościoła. Nie traktuj nas jak swoich dzieci drugiej kategorii. Ty, który zawsze głosiłeś całemu światu konieczność różnorodności, duszpasterskiego towarzyszenia i szacunku dla sumienia, nie gwałć naszych sumień, zmuszając nas do jednej i wyłącznej formy liturgicznej. Nie słuchaj tych przedstawicieli sztywnego klerykalizmu, którzy radzili ci, abyś dokonał tak niemiłosiernego czynu. Bądź prawdziwym ojcem rodziny, który „ze swego skarbca wydobywa rzeczy nowe i stare” (Mt 13, 52). Jeśli wysłuchasz naszego głosu, w dniu twego sądu przed Bogiem będziemy twoimi największymi orędownikami”.

La tradizione tradita. Intervista al vescovo Schneider su Traditionis custodes

di Diane Montagna

Nella sua prima intervista dall’uscita del nuovo decreto di papa Francesco Traditionis custodes, che limita la Messa vetus ordo, il vescovo Athanasius Schneider afferma che il documento “svilisce” una liturgia millenaria di rito romano, commette un'”ingiustizia ” contro i cattolici che vi aderiscono e crea nella Chiesa una “società di due classi”.

“I privilegiati di prima classe sono coloro che aderiscono alla liturgia riformata -spiega monsignor Schneider – e i cattolici di seconda classe, che ora saranno a malapena tollerati, comprendono un gran numero di famiglie, bambini, giovani e sacerdoti” che, attraverso la liturgia tradizionale, hanno “sperimentato con grande beneficio spirituale la realtà e il mistero della Chiesa”.

Il vescovo sostiene inoltre che l'”atteggiamento sorprendentemente gretto” e il “tono sprezzante” mostrati nel motu proprio e nella lettera di accompagnamento sono in “chiaro contrasto” non solo con i principi guida dell’attuale pontificato, ma anche con la pretesa “conciliare” di “apertura alla diversità” e di rifiuto dell’“uniformità” liturgica.

In questa intervista esclusiva, il vescovo Athanasius Schneider, ausiliare di Astana in Kazakistan, espone le sue principali preoccupazioni riguardo al documento, offre consigli ai seminaristi e ai giovani sacerdoti che temono che possa essere loro proibito celebrare la messa tradizionale, e affronta l’affermazione di papa Francesco secondo cui la linea di condotta scelta è analoga a quella intrapresa da papa san Pio V.

Schneider inoltre difende i cattolici che partecipano alla messa tradizionale da quelle che considera le ingiuste accuse, contenute nel documento, di seminare divisione e negare il Vaticano II. In realtà una “porzione considerevole” di giovani famiglie cattoliche e di altre persone che partecipano alla messa tradizionale “si tiene lontana” dalle discussioni sul Vaticano II e sulla politica ecclesiale. “Vogliono solo adorare Dio nella forma liturgica attraverso la quale Dio ha toccato e trasformato i loro cuori e le loro vite”.

Monsignor Schneider loda i suoi fratelli nell’episcopato che hanno sostenuto i fedeli in risposta alle nuove misure e si dice convinto che il nuovo decreto alla fine avrà un “effetto boomerang”. La “crescita continua” della messa tradizionale in tutto il mondo è “senza dubbio opera dello Spirito Santo e un vero segno del nostro tempo”.

Pertanto, incoraggia papa Francesco e coloro che sono incaricati di attuare le nuove misure ad ascoltare il “saggio consiglio” rivolto da Gamaliele a quelli che perseguitavano i primi cristiani (At 5,38-39), affinché non si trovino “contro Dio”.

Ecco l’intervista completa al vescovo Athanasius Schneider.

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Eccellenza, la nuova lettera apostolica di papa Francesco, emessa motu proprio il 16 luglio 2021, si chiama Traditionis custodes (Custodi della Tradizione). Qual è stata la tua prima impressione sulla scelta di questo titolo?

Monsignor Schneider – La mia prima impressione è stata di un pastore che invece di sentire l’odore delle sue pecore le picchia con rabbia con un bastone.

Quali sono le sue impressioni generali sul motu proprio e sulla lettera di accompagnamento di papa Francesco ai vescovi del mondo, in cui spiega la sua logica per limitare la Messa tradizionale in latino?

Nella sua esortazione apostolica programmatica, Evangelii gaudium, papa Francesco propugna “certi atteggiamenti che favoriscono l’apertura al messaggio: disponibilità, disponibilità al dialogo, pazienza, calore e accoglienza non giudicanti” (n. 165). Eppure, leggendo il nuovo motu proprio e la lettera di accompagnamento, si ha l’impressione opposta, cioè che il documento, nel suo insieme, mostri un’intolleranza pastorale e anche una rigidità spirituale. Il motu proprio e la Lettera di accompagnamento comunicano uno spirito giudicante e poco accogliente. Nel documento sulla Fratellanza umana (firmato ad Abu Dhabi il 4 febbraio 2019), papa Francesco abbraccia la “diversità delle religioni”, mentre nel suo nuovo motu proprio rifiuta con decisione la diversità delle forme liturgiche nel rito romano.

Quale lampante contrasto di atteggiamento presenta questo motu proprio, rispetto al principio guida del pontificato di papa Francesco, cioè l’inclusione e l’amore preferenziale per le minoranze e le periferie nella vita della Chiesa! E quale posizione sorprendentemente ristretta si scopre in esso, in contrasto con le stesse parole di papa Francesco: “Sappiamo di essere tentati in vari modi di adottare la logica del privilegio che ci separa, ci esclude e ci chiude, mentre ci separa, escludendo e chiudendo i sogni e le vite di tanti nostri fratelli e sorelle” (Omelia, Vespri, 31 dicembre 2016). Le nuove norme del motu proprio sviliscono la forma millenaria della lex orandi della Chiesa romana e, allo stesso tempo, chiudono “i sogni e le vite di tante” famiglie cattoliche, e specialmente di giovani e giovani sacerdoti, la cui vita spirituale e il cui amore per Cristo e per la Chiesa sono cresciuti e hanno grandemente beneficiato della forma tradizionale della Santa Messa.

Il motu proprio stabilisce un principio di rara esclusività liturgica, affermando che i nuovi libri liturgici promulgati sono l’unica [only] espressione della lex orandi del rito romano (art. 1). Che contrasto anche in questa posizione con altre parole di papa Francesco: “È vero che lo Spirito Santo fa emergere nella Chiesa diversi carismi, che a prima vista possono sembrare creare disordine. Sotto la sua guida, però, costituiscono un’immensa ricchezza, perché lo Spirito Santo è lo Spirito di unità, che non è la stessa cosa dell’uniformità” (Omelia nella cattedrale cattolica dello Spirito Santo, Istanbul, sabato, 29 novembre 2014).

Quali sono le sue maggiori preoccupazioni riguardo al nuovo documento?

Come vescovo, una delle mie principali preoccupazioni è che, invece di favorire una maggiore unità mediante la coesistenza di diverse forme liturgiche autentiche, il motu proprio crei nella Chiesa una società a due classi, cioè cattolici di prima classe e cattolici di seconda classe. I privilegiati di prima classe sono coloro che aderiscono alla liturgia riformata, cioè il novus ordo , e i cattolici di seconda classe, che ora saranno a malapena tollerati, comprendono un gran numero di famiglie cattoliche, bambini, giovani e sacerdoti che, negli ultimi decenni, sono cresciuti nella liturgia tradizionale e hanno sperimentato, con grande beneficio spirituale, la realtà e il mistero della Chiesa grazie a questa forma liturgica, che le generazioni precedenti consideravano sacra e che ha formato tanti santi e cattolici eccezionali nel corso della storia.

Il motu proprio e la lettera di accompagnamento commettono un’ingiustizia contro tutti i cattolici che aderiscono alla forma liturgica tradizionale, accusandoli di dividere e di respingere il Concilio Vaticano II. Infatti, una parte considerevole di questi cattolici si tiene lontana dalle discussioni dottrinali riguardanti il ​​Vaticano II, il nuovo Ordine della Messa (Novus Ordo Missae), e altri problemi che riguardano la politica ecclesiastica. Vogliono solo adorare Dio nella forma liturgica attraverso la quale Dio ha toccato e trasformato i loro cuori e le loro vite. L’argomento invocato nel motu proprio e nella lettera di accompagnamento, cioè che la forma liturgica tradizionale crea divisione e minaccia l’unità della Chiesa, è smentito dai fatti. Inoltre, il tono dispregiativo assunto in questi documenti nei confronti della forma liturgica tradizionale porterebbe qualsiasi osservatore imparziale a concludere che tali argomenti sono solo un pretesto e uno stratagemma, e che qui è in gioco qualcos’altro.

Quanto le sembra convincente il confronto di papa Francesco (nella lettera di accompagnamento ai vescovi) tra i suoi nuovi provvedimenti e quelli adottati da san Pio V nel 1570?

Il tempo del Concilio Vaticano II e della Chiesa cosiddetta “conciliare” è stato caratterizzato da un’apertura alla diversità e inclusività delle spiritualità e delle espressioni liturgiche locali, insieme al rifiuto del principio di uniformità nella prassi liturgica della Chiesa. Nel corso della storia, il vero atteggiamento pastorale è stato di tolleranza e rispetto verso una molteplicità di forme liturgiche, purché esprimano l’integrità della fede cattolica, la dignità e la sacralità delle forme rituali e portino un vero frutto spirituale nella vita dei fedeli. In passato, la Chiesa romana ha riconosciuto la diversità delle espressioni nella sua lex orandi. Nella costituzione apostolica che promulga la liturgia tridentina, Quo primum (1570), papa Pio V, nell’approvare tutte quelle espressioni liturgiche della Chiesa romana che avevano più di duecento anni, le riconobbe come espressione altrettanto degna e legittima della lex orandi della Chiesa romana. In questa bolla papa Pio V afferma di non revocare in alcun modo altre legittime espressioni liturgiche all’interno della Chiesa romana. La forma liturgica della Chiesa romana, valida fino alla riforma di Paolo VI, non sorse con Pio V, ma rimase sostanzialmente immutata anche secoli prima del Concilio di Trento. La prima edizione a stampa del Missale Romanum risale al 1470, quindi cento anni prima del messale pubblicato da Pio V. L’ordine della messa di entrambi i messali è pressoché identico; la differenza sta più negli elementi secondari, come il calendario, il numero di prefazioni e le norme rubricali più precise.

Il nuovo motu proprio di papa Francesco suscita profonda preoccupazione in quanto manifesta un atteggiamento di discriminazione nei confronti di una forma liturgica della Chiesa cattolica quasi millenaria. La Chiesa non ha mai rifiutato ciò che, nell’arco di molti secoli, ha espresso sacralità, rigore dottrinale e ricchezza spirituale, ed è stato esaltato da tanti papi, grandi teologi (per esempio san Tommaso d’Aquino) e numerosi santi. I popoli dell’Europa occidentale e, in parte, dell’Europa orientale, dell’Europa settentrionale e meridionale, delle Americhe, dell’Africa e dell’Asia furono evangelizzati e formati dottrinalmente e spiritualmente dal rito romano tradizionale, e vi trovarono la loro spiritualità e la loro casa liturgica. Papa Giovanni Paolo II ha dato un esempio di sincero apprezzamento della forma tradizionale della Messa, quando ha detto: “Nel Messale Romano, detto ‘di San Pio V’, come in varie liturgie orientali, ci sono bellissime preghiere con le quali il sacerdote esprime il più profondo senso di umiltà e di riverenza davanti ai santi misteri: esse rivelano la sostanza stessa di ogni liturgia” (Messaggio ai partecipanti all’Assemblea plenaria della Congregazione per il culto divino e la disciplina dei sacramenti, 21 settembre 2001).

Sarebbe contrario al vero spirito della Chiesa di tutti i tempi esprimere oggi disprezzo per questa forma liturgica, etichettarla come “divisiva” e pericolosa per l’unità della Chiesa, ed emanare norme volte a farla scomparire. Le norme contenute nel motu proprio di papa Francesco cercano di strappare senza pietà dalle anime e dalle vite di tanti cattolici la liturgia tradizionale, che di per sé è santa e rappresenta la patria spirituale di questi cattolici. Con questo motu proprio, i cattolici che oggi sono stati spiritualmente nutriti e formati dalla liturgia tradizionale della Santa Madre Chiesa non sperimenteranno più la Chiesa come una madre, ma piuttosto come una “matrigna”, coerentemente con la stessa descrizione di papa Francesco: “Una madre che critica, che parla male dei suoi figli non è madre!” (Discorso ai consacrati e alle consacrate della diocesi di Roma, 16 maggio 2015).

La lettera apostolica di papa Francesco è stata pubblicata nella festa di Nostra Signora del Monte Carmelo, patrona dei Carmelitani (come Santa Teresa di Lisieux), che pregano specialmente per i sacerdoti. Alla luce dei nuovi provvedimenti, cosa direbbe ai seminaristi diocesani e ai giovani sacerdoti che speravano di celebrare la Messa tradizionale in latino?

Il cardinale Joseph Ratzinger ha parlato della limitazione dei poteri del papa riguardo alla liturgia, con questa illuminante spiegazione: “Il papa non è un monarca assoluto la cui volontà è legge; è piuttosto il custode della Tradizione autentica e, quindi, il primo garante dell’obbedienza. Non può fare ciò che vuole, ed è così in grado di opporsi a coloro che, dal canto loro, vogliono fare qualunque cosa gli venga in mente. La sua regola non è quella del potere arbitrario, ma quella dell’obbedienza nella fede. Ecco perché, rispetto alla Liturgia, ha il compito di giardiniere, non quello di tecnico che costruisce macchine nuove e butta quelle vecchie nel mucchio delle cianfrusaglie. Il ‘rito’, quella forma di celebrazione e di preghiera maturata nella fede e nella vita della Chiesa, è una forma condensata di Tradizione vivente in cui l’ambito che utilizza quel rito esprime tutta la sua fede e la sua preghiera, e così allo stesso tempo la comunione delle generazioni le une con le altre diventa qualcosa che possiamo sperimentare, la comunione con le persone che pregano davanti noi e dopo di noi. Il rito è dunque un bene che si dona alla Chiesa, una forma viva di paradosi, la trasmissione della Tradizione” (prefazione a: Dom Alcuin Reid, Lo sviluppo organico della liturgia. I principi della riforma liturgica e il loro rapporto con il movimento liturgico del XX secolo prima del Concilio Vaticano II, San Francisco 2004).

La Messa tradizionale è un tesoro che appartiene a tutta la Chiesa, poiché da almeno mille anni è celebrata e tenuta in grande considerazione e amata da sacerdoti e santi. Infatti, la forma tradizionale della Messa era pressoché identica per secoli prima della pubblicazione del Messale di papa Pio V nel 1570. Un tesoro liturgico valido e stimatissimo da quasi mille anni non è proprietà privata di un papa, di cui egli possa disporre liberamente. Pertanto, seminaristi e giovani sacerdoti devono chiedere il diritto di utilizzare questo comune tesoro della Chiesa, e se questo diritto viene loro negato, possono comunque utilizzarlo, magari in maniera clandestina. Questo non sarebbe un atto di disobbedienza, ma piuttosto di obbedienza alla Santa Madre Chiesa, che ci ha donato questo tesoro liturgico.

Eccellenza, qual è stata la sua impressione finora circa l’attuazione della Traditionis custodes?

Nel giro di pochi giorni, i vescovi diocesani e persino un’intera Conferenza episcopale hanno già avviato una sistematica soppressione di ogni celebrazione della forma tradizionale della Santa Messa. Questi nuovi “inquisitori liturgici” hanno mostrato un clericalismo sorprendentemente rigido, simile a quello descritto e lamentato da papa Francesco, quando diceva: “C’è quello spirito di clericalismo nella Chiesa, che si sente: i chierici si sentono superiori, i chierici si allontanano dal popolo, i chierici dicono sempre: questo si fa così, così, così, o te ne vai!” (meditazione quotidiana nella Santa Messa, 13 dicembre 2016).

Il motu proprio anti-tradizionale di papa Francesco assomiglia per certi versi alle decisioni liturgiche fatali ed estremamente rigide prese dalla Chiesa russo-ortodossa sotto il patriarca Nikon di Mosca tra il 1652 e il 1666. Ciò alla fine portò a uno scisma duraturo noto come quello dei “vecchi ritualisti” (in russo: staroobryadtsy), che ha mantenuto le pratiche liturgiche e rituali della Chiesa russa come erano prima delle riforme del patriarca Nikon. Resistendo all’accomodamento della pietà russa alle forme contemporanee del culto greco-ortodosso, questi antichi ritualisti furono anatematizzati, insieme al loro rituale, in un sinodo del 1666-67, producendo una divisione tra gli antichi ritualisti e coloro che seguirono la Chiesa di Stato nella sua condanna dell’antico rito. Oggi la Chiesa russo-ortodossa si rammarica delle drastiche decisioni del patriarca Nikon, perché se le norme da lui attuate fossero state veramente pastorali e avessero consentito l’uso del vecchio rito, non ci sarebbe stato uno scisma secolare, con tante sofferenze inutili e crudeli .

Ai nostri giorni assistiamo a sempre più celebrazioni della Santa Messa che sono diventate una piattaforma per promuovere lo stile di vita peccaminoso dell’omosessualità, le cosiddette “Messe Lgbt”, un’espressione che di per sé è già una bestemmia. Tali messe sono tollerate dalla Santa Sede e da molti vescovi. Serve urgentemente un motu proprio con norme ferree che sopprimano la pratica di tali “Messe Lgbt”, poiché sono un oltraggio alla maestà divina, uno scandalo per i fedeli (i piccoli) e un’ingiustizia nei confronti degli omosessuali sessualmente attivi. Persone che con tali celebrazioni sono confermate nei loro peccati, e la cui salvezza eterna è così messa in pericolo.

Eppure, alcuni vescovi, in particolare negli Stati Uniti ma anche altrove, come in Francia, hanno sostenuto i fedeli della loro diocesi che sono legati alla Messa tradizionale. Cosa direbbe per incoraggiare questi suoi fratelli vescovi? E che atteggiamento dovrebbero avere i fedeli nei confronti dei loro vescovi, molti dei quali sono rimasti essi stessi sorpresi dal documento?

Questi vescovi hanno mostrato un vero atteggiamento apostolico e pastorale, come quelli che sono “pastori con l’odore delle pecore”. Incoraggio questi e molti altri vescovi a continuare con un atteggiamento pastorale così nobile. Non li muovano né le lodi degli uomini né il timore degli uomini, ma solo la maggior gloria di Dio, il maggior beneficio spirituale delle anime e la loro salvezza eterna. Da parte loro, i fedeli devono dimostrare nei confronti di questi vescovi gratitudine, rispetto e amore filiale.

Quale effetto avrà, secondo lei, il motu proprio?

Il nuovo motu proprio di papa Francesco è in definitiva una vittoria di Pirro e avrà un effetto boomerang. Le tante famiglie cattoliche e il numero sempre crescente di giovani e sacerdoti, in particolare giovani sacerdoti, che assistono alla Messa tradizionale, non potranno permettere che la loro coscienza venga violata da un atto amministrativo così drastico. Dire a questi fedeli e sacerdoti che devono semplicemente essere obbedienti a queste norme alla fine non funzionerà, perché essi sanno bene che una chiamata all’obbedienza perde il suo potere quando lo scopo è sopprimere la forma tradizionale della liturgia, il grande tesoro liturgico della Chiesa romana.

Col tempo, sorgerà sicuramente una catena mondiale di messe catacombali, come accade in tutti i tempi di emergenza e persecuzione. Potremmo infatti assistere a un’era di messe tradizionali clandestine, simile a quella rappresentata in modo così impressionante da Aloysius O’Kelly nel suo dipinto Mass in a Connemara Cabin.

O forse vivremo un tempo simile a quello descritto da san Basilio Magno, quando i cattolici tradizionali furono perseguitati da un episcopato liberale ariano nel IV secolo. Scriveva san Basilio: “La bocca dei veri credenti è muta, mentre ogni lingua blasfema si agita liberamente; le cose sante sono calpestate; i migliori laici evitano le chiese come scuole di empietà; e alzano le mani nei deserti con sospiri e lacrime al loro Signore nei cieli. Anche tu devi aver sentito cosa sta succedendo nella maggior parte delle nostre città (Lettera 92).

La mirabile, armonica e del tutto spontanea diffusione e continua crescita della forma tradizionale della Messa, in quasi tutti i paesi del mondo, anche nelle terre più remote, è senza dubbio opera dello Spirito Santo, e un vero segno del nostro tempo. Questa forma della celebrazione liturgica porta veri frutti spirituali, specialmente nella vita dei giovani e dei convertiti alla Chiesa cattolica, poiché molti di loro sono stati attratti alla fede cattolica proprio dalla forza irradiante di questo tesoro della Chiesa. Papa Francesco e gli altri vescovi che eseguiranno il suo motu proprio dovrebbero considerare seriamente il saggio consiglio di Gamaliele, e chiedersi se effettivamente stiano combattendo contro un’opera di Dio: “E ora vi dico: tenetevi lontani da loro, e ritiratevi da questi uomini; perché, se questo disegno o quest’opera è dagli uomini, sarà distrutta; ma se è da Dio, voi non potrete distruggerli, se non volete trovarvi a combattere anche contro Dio” (Atti 5:38-39). Papa Francesco riconsideri, in vista dell’eternità, il suo atto drastico e tragico, e con coraggio e umiltà ritratti questo nuovo motu proprio, ricordando le sue stesse parole: “In verità, la Chiesa mostra la sua fedeltà allo Spirito Santo in quanto non cerca di controllarlo o domarlo”. (Omelia nella Cattedrale cattolica dello Spirito Santo, Istanbul, 29 novembre 2014 )

Per il momento, molte famiglie cattoliche, giovani e sacerdoti di ogni continente piangono, perché il papa, loro padre spirituale, li ha privati ​​del nutrimento spirituale della Messa tradizionale, che ha tanto rafforzato la loro fede e il loro amore per Dio, per la Santa Madre Chiesa e per la sede apostolica. Possono, per un certo tempo, “[uscire] piangendo, portando il seme per la semina, ma torneranno a casa con grida di gioia, portando con sé i suoi covoni” (Salmo 126:6).

Queste famiglie, questi giovani e questi sacerdoti potrebbero rivolgere a papa Francesco queste o simili parole: “Padre Santissimo, restituiscici quel grande tesoro liturgico della Chiesa. Non trattarci come tuoi figli di seconda classe. Non violare le nostre coscienze costringendoci a un’unica ed esclusiva forma liturgica, tu che hai sempre proclamato al mondo intero la necessità della diversità, dell’accompagnamento pastorale e del rispetto della coscienza. Non ascoltate quei rappresentanti di un rigido clericalismo che ti hanno consigliato di compiere un’azione così spietata. Sii un vero padre di famiglia, che ‘tira fuori dal suo tesoro cose nuove e cose antiche’ (Mt 13,52). Se ascolterai la nostra voce, nel giorno del tuo giudizio davanti a Dio, saremo i tuoi migliori intercessori”.

Mucho se está diciendo a favor y en contra del reciente Motu Proprio sobre la Misa Tradicional. Nos parece entonces un servicio eclesial el poder dar voz también a Mons. Schneider, en una reciente entrevista concedida a Diane Montagna, celebrando en esas líneas una actitud delicadamente pastoral y muy necesaria en horas muy oscuras para gran cantidad de fieles, sin dejarse llevar por un obsecuente respeto humano ni por reacciones intempestivas.  Subrayamos especialmente el poner de manifiesto una cuestión que no sólo desde un punto de vista católico sino sobre todo humano, nos preocupa: la violación del principio de identidad y de no contradicción, ya que hoy no sólo se está contradiciendo la voz del sentir milenario de la Iglesia sino muchas de las normas explícitamente  declamadas en el pontificado que transitamos, y que son aquí citadas oportunamente.

Por nuestra parte, rogamos a María, Auxilium Christianorum, que ilumine y proteja a la Iglesia en las actuales batallas, como lo hizo en tiempos de San Pío V, allá en Lepanto…

Diane Montagna: Excelencia, la nueva carta apostólica del Papa Francisco, emitida motu proprio el 16 de julio de 2021, se llama “Traditionis Custodes” (Guardianes de la Tradición). ¿Cuál fue su impresión inicial acerca de la elección de este título?

Mons. A. Schneider: - Mi impresión inicial fue la de un pastor que, en lugar de tener olor a sus ovejas, las golpea furiosamente con un palo.

D.M. ¿Cuáles son sus impresiones generales sobre el Motu Proprio y de la Carta adjunta del Papa Francisco a los obispos del mundo, en la que explica su razón de ser para restringir la Misa tradicional en latín?

Mons. A.Schneider: - En su Exhortación apostólica programática, Evangelii Gaudium, el Papa Francisco aboga por “ciertas actitudes que favorecen la apertura al mensaje: cercanía, disposición al diálogo, paciencia, calidez y acogida sin prejuicios” (n. 165). Sin embargo, al leer el nuevo Motu Proprio y la carta que lo acompaña, uno tiene la impresión opuesta, a saber, que el documento, en su conjunto, muestra una intolerancia pastoral e incluso una rigidez espiritual. El Motu Proprio y la Carta que lo acompaña comunican un espíritu crítico y hostil. En el documento sobre Fraternidad humana (firmado en Abu Dhabi el 4 de febrero de 2019), el Papa Francisco abraza la “diversidad de religiones”, mientras que en su nuevo Motu Proprio rechaza resueltamente la diversidad de formas litúrgicas en el rito romano.

Qué contraste tan flagrante de actitud presenta este Motu Proprio, en comparación con el principio rector del pontificado del Papa Francisco, es decir, la inclusión y el amor preferencial por las minorías y las periferias en la vida de la Iglesia. Y qué actitud sorprendentemente estrecha se descubre en el Motu Proprio, en contraste con las propias palabras del Papa Francisco:

“Sabemos que estamos tentados de diversas maneras a adoptar la lógica del privilegio que nos separa, excluye y cierra, mientras separamos, excluyendo y cerrando los sueños y la vida de tantos de nuestros hermanos y hermanas ”(Homilía de las Vísperas, 31 de diciembre de 2016 ).

Las nuevas normas del Motu Proprio degradan la forma milenaria de la lex orandi de la Iglesia Romana y, al mismo tiempo, cierran “los sueños y la vida de tantas” familias católicas, y especialmente de los jóvenes -laicos y sacerdotes-, cuya vida espiritual y amor por Cristo y la Iglesia han crecido y se han beneficiado enormemente de la forma tradicional de la Santa Misa.

El Motu Proprio establece un principio de rara exclusividad litúrgica, al afirmar que los nuevos libros litúrgicos promulgados son la única expresión de la lex orandi del Rito Romano (Art. 1). Qué contraste también es esta posición con estas otras palabras del Papa Francisco:

“Es cierto que el Espíritu Santo produce diferentes carismas en la Iglesia, que a primera vista pueden parecer crear desorden. Sin embargo, bajo su dirección, constituyen una riqueza inmensa, porque el Espíritu Santo es el Espíritu de unidad, que no es lo mismo que uniformidad ”( Homilía del Papa Francisco en la Catedral Católica del Espíritu Santo, Estambul, sábado, noviembre 29 de 2014 ).

D.M. ¿Cuáles son sus mayores preocupaciones sobre el nuevo documento?

Mons. A.Schneider: -Como obispo, una de mis principales preocupaciones es que, en lugar de fomentar una mayor unidad mediante la coexistencia de diversas formas litúrgicas auténticas, el Motu Proprio crea una sociedad de dos clases en la Iglesia, es decir, católicos de primera y católicos de segunda.  Los privilegiados de primera son aquellos que se adhieren a la liturgia reformada, es decir, el Novus Ordo , y los católicos de segunda, que ahora apenas serán tolerados, incluyen un gran número de familias católicas, niños, jóvenes y sacerdotes que, en las últimas décadas, han crecido en la liturgia tradicional y han experimentado, con gran beneficio espiritual, la realidad y el misterio de la Iglesia gracias a esta forma litúrgica, que las generaciones anteriores consideraron sagrada y que formó a tantos santos y católicos destacados a lo largo de la historia.

El Motu Proprio y la carta que lo acompaña cometen una injusticia contra todos los católicos que se adhieren a la forma litúrgica tradicional, acusándolos de ser divisivos y de rechazar el Concilio Vaticano II. De hecho, una parte considerable de estos católicos se mantiene alejada de las discusiones doctrinales sobre el Vaticano II, el Nuevo Ordinario de la Misa (Novus Ordo Missae), y otros problemas relacionados con la política eclesiástica. Solo quieren adorar a Dios en la forma litúrgica a través de la cual Dios ha tocado y transformado sus corazones y vidas. El argumento invocado en el Motu Proprio y la carta que lo acompaña, que sostiene que la forma litúrgica tradicional crea división y amenaza la unidad de la Iglesia, es refutado por los hechos.

Además, el tono despectivo adoptado en estos documentos contra la forma litúrgica tradicional llevaría a cualquier observador imparcial a concluir que tales argumentos son simplemente un pretexto y una artimaña, y que aquí hay algo más en juego.

D.M. ¿Qué tan convincente encuentra la comparación del Papa Francisco (en la carta que acompaña a los obispos) entre sus nuevas medidas y las adoptadas por San Pío V en 1570?

Mons. A.Schneider: -La época del Concilio Vaticano II y de la llamada Iglesia “conciliar” se ha caracterizado por una apertura a la diversidad e inclusión de espiritualidades y expresiones litúrgicas locales, junto a un rechazo del principio de uniformidad en la praxis litúrgica de la Iglesia. A lo largo de la historia, la verdadera actitud pastoral ha sido de tolerancia y respeto hacia una diversidad de formas litúrgicas, siempre que expresen la integridad de la fe católica, la dignidad y el carácter sagrado de las formas rituales y que brinden un verdadero fruto espiritual a la vida de los fieles. En el pasado, la Iglesia Romana reconoció la diversidad de expresiones en su lex orandi. En la constitución apostólica que promulga la liturgia tridentina, Quo Primum (1570), el Papa San Pío V, al aprobar todas aquellas expresiones litúrgicas de la Iglesia romana que tenían más de doscientos años, las reconoció como una expresión igualmente digna y legítima de la lex orandi de la Iglesia romana. En esta bula, el Papa San Pío V declaró que de ninguna manera rescindía otras expresiones litúrgicas legítimas dentro de la Iglesia Romana. La forma litúrgica de la Iglesia romana que fue válida hasta la reforma de Pablo VI no surgió con San Pío V, pero se mantuvo sustancialmente sin cambios incluso siglos antes del Concilio de Trento. La primera edición impresa del Missale Romanum se remonta a 1470, es decir, cien años antes del misal publicado por S. Pío V. El orden de la Misa de ambos misales es casi idéntico; la diferencia radica más en elementos secundarios, como el calendario, número de prefacios y normas de rúbrica más precisas.

El nuevo Motu Proprio del Papa Francisco también es profundamente preocupante porque manifiesta una actitud de discriminación contra una forma litúrgica de casi mil años de la Iglesia Católica. La Iglesia nunca ha rechazado lo que, a lo largo de muchos siglos, ha expresado santidad, precisión doctrinal y riqueza espiritual, y ha sido exaltado por muchos papas, grandes teólogos (por ejemplo, Santo Tomás de Aquino) y numerosos santos. Los pueblos de Europa Occidental y, en parte, de Europa Oriental, del Norte y del Sur de Europa, de las Américas, África y Asia fueron evangelizados y formados doctrinal y espiritualmente por el Rito Romano tradicional, y estos pueblos encontraron en ese rito su espiritualidad, su hogar litúrgico. El Papa S. Juan Pablo II dio ejemplo de una sincera apreciación de la forma tradicional de la Misa, cuando dijo:

“En el Misal Romano, llamado ‘de S. Pío V, como en varias liturgias orientales, hay hermosas plegarias con las cuales el sacerdote expresa el sentido más profundo de la humildad y la reverencia ante los misterios sagrados.  Estas plegarias revelan la sustancia propia de cualquier liturgia.” (Mensaje a los participantes en la Asamblea Plenaria de la Congregación para el Culto Divino y la disciplina de los Sacramentos, 21 de septiembre de 2001)

Iría en contra del verdadero espíritu de la Iglesia de todas las épocas expresar ahora desprecio por esta forma litúrgica, etiquetarla como “divisiva” y como algo peligroso para la unidad de la Iglesia, y emitir normas destinadas a hacer desaparecer esta forma en el tiempo. Las normas consagradas en el Motu Proprio del Papa Francisco buscan arrancar sin piedad de las almas y vidas de tantos católicos la liturgia tradicional, que en sí misma es santa y representa la patria espiritual de estos católicos. Con este Motu Proprio, los católicos que hoy han sido alimentados espiritualmente y formados por la liturgia tradicional de la Santa Madre Iglesia, ya no experimentarán a la Iglesia como una madre sino como una “madrastra”, en consonancia con la propia descripción del Papa Francisco:

“Ah, ¡La madre que critica, que habla mal de sus hijos, no es madre!” Discurso a los consagrados y consagradas de la diócesis de Roma, 16 de mayo de 2015 )

 

D.M. La carta apostólica del Papa Francisco se emitió en la fiesta de Nuestra Señora del Monte Carmelo, patrona de los Carmelitas (como Santa Teresa de Lisieux), que rezan especialmente por los sacerdotes. A la luz de las nuevas medidas, ¿qué les diría a los seminaristas diocesanos y sacerdotes jóvenes que esperaban celebrar la Misa Tradicional?

Mons. A.Schneider: - El cardenal Joseph Ratzinger habló sobre la limitación de los poderes del Papa en cuanto a la liturgia, con esta esclarecedora explicación:

“El Papa no es un monarca absoluto cuya voluntad es la ley; más bien, es el guardián de la Tradición auténtica y, por tanto, el principal garante de la obediencia. No puede hacer lo que quiere, y así puede oponerse a aquellas personas que, por su parte, quieren hacer lo que se les ocurra. Su gobierno no es el de un poder arbitrario, sino el de la obediencia en la fe. Por eso, con respecto a la liturgia, tiene la tarea de un jardinero, no la de un técnico que construye nuevas máquinas y tira las viejas a la basura. El “rito”, esa forma de celebración y oración que ha madurado en la fe y la vida de la Iglesia, es una forma condensada de Tradición viva en la que la esfera que usa ese rito expresa toda su fe y su oración, y así, al mismo tiempo, la comunión de generaciones entre sí se convierte en algo que podemos experimentar, comunión con las personas que oran antes que nosotros y después de nosotros. Así, el rito es un don que se da a la Iglesia, una forma viva de paradosis, la transmisión de la Tradición”. (Prefacio a “El desarrollo orgánico de la liturgia. Los principios de la reforma litúrgica y su relación con el movimiento litúrgico del siglo XX antes del Concilio Vaticano II ”por Dom Alcuin Reid, San Francisco 2004).

La Misa tradicional es un tesoro que pertenece a toda la Iglesia, ya que ha sido celebrada y profundamente apreciada y amada por sacerdotes y santos durante al menos mil años. De hecho, la forma tradicional de la Misa fue casi idéntica durante siglos antes de la publicación del Misal del Papa S.Pío V en 1570. Un tesoro litúrgico válido y muy estimado de casi mil años no es propiedad privada de un Papa y del que puede disponer libremente. Por tanto, los seminaristas y sacerdotes jóvenes deben pedir el derecho a utilizar este tesoro común de la Iglesia, y si se les niega este derecho, pueden hacerlo sin embargo, quizás de forma clandestina. Esto no sería un acto de desobediencia, sino de obediencia a la Santa Madre Iglesia, que nos ha legado este tesoro litúrgico.

D.M. -Excelencia, ¿cuál ha sido su impresión hasta ahora de la implementación de “Traditionis Custodes”?

Mons. A.Schneider: -En unos pocos días, los obispos diocesanos e incluso toda una conferencia episcopal ya han comenzado por una supresión sistemática de cualquier celebración de la forma tradicional de la Santa Misa. Estos nuevos “inquisidores de la liturgia” han mostrado un clericalismo asombrosamente rígido, similar a ese descrito y lamentado por el Papa Francisco, cuando dijo:

“Hay ese espíritu de clericalismo en la Iglesia, que uno siente: los clérigos se sienten superiores, los clérigos se apartan del pueblo, los clérigos siempre dicen: ‘esto se hace como esto, así, así, ¡y si no, te vas! ‘”(Meditación diaria en la Santa Misa del 13 de diciembre de 2016).

El Motu Proprio antitradicional del Papa Francisco comparte algunas similitudes con las decisiones litúrgicas fatídicas y extremadamente rígidas tomadas por la Iglesia Ruso-Ortodoxa bajo el Patriarca Nikon de Moscú entre 1652 y 1666. Esto finalmente condujo a un cisma duradero conocido como los “Viejos Ritualistas” (en ruso: staroobryadtsy), quienes mantuvieron las prácticas litúrgicas y rituales de la Iglesia rusa tal como estaban antes de las reformas del Patriarca Nikon. Resistiendo la acomodación de la piedad rusa a las formas contemporáneas del culto ortodoxo griego, estos viejos ritualistas fueron anatematizados, junto con su ritual, en un Sínodo de 1666-1667, produciendo una división entre los antiguos ritualistas y aquellos que siguieron a la iglesia estatal en su condena del Antiguo Rito. Hoy la Iglesia Ruso-Ortodoxa lamenta las drásticas decisiones del Patriarca Nikon, pues si las normas que implementó hubieran sido verdaderamente pastorales y hubieran permitido el uso del antiguo rito, no habría habido un cisma de siglos, con muchos sufrimientos innecesarios y crueles.

En nuestros días asistimos a cada vez más celebraciones de la Santa Misa, que se han convertido en una plataforma para promover el estilo de vida pecaminoso de la homosexualidad, las llamadas “Misas LGBT”, una expresión que en sí misma ya es una blasfemia. Estas misas son toleradas por la Santa Sede y muchos obispos. Lo que se necesita con urgencia es un Motu Proprio con normas estrictas que repriman la práctica de tales “Misas LGBT”, ya que son un ultraje a la majestad divina, un escándalo para los fieles (los pequeños) y una injusticia hacia los homosexuales sexualmente activos, personas que por tales celebraciones son confirmadas en sus pecados, y cuya salvación eterna se pone por ello en peligro.

D.M. -Y sin embargo, varios obispos, particularmente en los Estados Unidos pero también en otros lugares, como en Francia, han apoyado a los fieles de su diócesis que están apegados a la Misa Tradicional en Latín. ¿Qué diría usted para animar a estos sus hermanos obispos? ¿Y qué actitud deben tener los fieles hacia sus obispos, muchos de los cuales quedaron sorprendidos por el documento?

Mons. A.Schneider: -Estos obispos han mostrado una verdadera actitud apostólica y pastoral, como los que son “pastores con olor a oveja”. Animaría a estos y muchos otros obispos a continuar con una actitud pastoral tan noble. Que ni las alabanzas de los hombres ni el temor de los hombres los conmuevan, sino sólo la mayor gloria de Dios, y el mayor beneficio espiritual de las almas y su salvación eterna. Por su parte, los fieles deben demostrar hacia estos obispos gratitud, respeto y amor filial.

D.M. -¿Qué efecto cree Ud. que tendrá el Motu Proprio?

Mons. A.Schneider: -El nuevo Motu Proprio del Papa Francisco es, en última instancia, una victoria pírrica y tendrá un efecto boomerang. Las numerosas familias católicas y el número cada vez mayor de jóvenes y sacerdotes, en particular sacerdotes jóvenes, que asisten a la Misa tradicional, no podrán permitir que su conciencia sea violada por un acto administrativo tan drástico. Decirles a estos fieles y sacerdotes que simplemente deben ser obedientes a estas normas, en última instancia, no funcionará con ellos, porque entienden que una llamada a la obediencia pierde su poder cuando el objetivo es suprimir la forma tradicional de la liturgia, el gran tesoro litúrgico de la Iglesia Romana.

Con el tiempo, seguramente surgirá una cadena mundial de misas de catacumbas, como sucede en tiempos de emergencia y persecución. De hecho, podemos ser testigos de una era de misas tradicionales clandestinas, similar a la que Aloysius O’Kelly describió de manera tan impresionante en su pintura, “Misa en Connemara (Irlanda) durante tiempos penales". O quizás vivamos una época similar a la descrita por San Basilio el Grande, cuando los católicos tradicionales fueron perseguidos por un episcopado arriano liberal en el siglo IV. San Basilio escribió:

“La boca de los verdaderos creyentes es muda, mientras que toda lengua blasfema se menea libremente; las cosas santas son holladas; los mejores laicos evitan las iglesias como escuelas de impiedad; y alzan sus manos en los desiertos con suspiros y lágrimas a su Señor en el cielo. Incluso debes haber escuchado lo que está sucediendo en la mayoría de nuestras ciudades, (Cf. Carta 92 ).

La difusión admirable, armoniosa y bastante espontánea y el crecimiento continuo de la forma tradicional de la Misa, en casi todos los países del mundo, incluso en las tierras más remotas, es sin duda obra del Espíritu Santo, y un verdadero signo de nuestro tiempo. Esta forma de celebración litúrgica da verdaderos frutos espirituales, especialmente en la vida de los jóvenes y conversos a la Iglesia católica, ya que muchos de estos últimos se sintieron atraídos por la fe católica precisamente por el poder irradiante de este tesoro de la Iglesia.

El Papa Francisco y los demás obispos que ejecutarán su Motu Proprio deben considerar seriamente el sabio consejo de Gamaliel y preguntarse si realmente están luchando contra una obra de Dios:

“En el caso que nos ocupa, os digo, manteneos alejados de estos hombres y déjalos solos; porque si este plan o esta empresa es de hombres, fallará; pero si es de Dios, no podrás derribarlos. ¡Incluso podrías encontrarte oponiéndote a Dios! “(Hechos 5: 38-39).

Que el Papa Francisco reconsidere, con miras a la eternidad, su acto drástico y trágico, y retraiga con valentía y humildad este nuevo Motu Proprio, recordando sus propias palabras:

“En verdad, la Iglesia muestra su fidelidad al Espíritu Santo tanto como no intenta controlarlo o domesticarlo". (Homilía en la Catedral Católica del Espíritu Santo, Estambul, sábado 29 de noviembre de 2014 )

Por el momento, muchas familias católicas, jóvenes y sacerdotes de todos los continentes lloran ahora, porque el Papa, su padre espiritual, los ha privado del alimento de la Misa tradicional, que tanto ha fortalecido su fe y su amor por Dios, por la Santa Madre Iglesia y por la Sede Apostólica. Es posible que, por un tiempo, “[salgan] llorando, llevando la semilla para sembrar, pero volverán a casa con gritos de alegría, trayendo sus gavillas repletas” (Salmo 126: 6).

Estas familias, jóvenes y sacerdotes podrían dirigir al Papa Francisco estas u otras palabras similares:

“Santísimo Padre, devuélvenos ese gran tesoro litúrgico de la Iglesia. No nos trates como a hijos de segunda clase. No violes nuestra conciencia forzándonos a una forma litúrgica única y exclusiva, tú que siempre proclamaste al mundo entero la necesidad de la diversidad, el acompañamiento pastoral y el respeto de la conciencia. No escuches a esos representantes de un clericalismo rígido que te aconsejaron llevar a cabo una acción tan despiadada. Se un verdadero padre de familia, que “saca de su tesoro lo nuevo y lo viejo” (Mt 13,52). Si escuchas nuestra voz, en el día del juicio ante Dios, seremos tus mejores intercesores".